O iPhone 5 acaba de ser anunciado e uma das principais novidades é a compatibilidade com a banda larga móvel, o 4G ou LTE. O novo recurso chama a atenção dos usuários menos conhecedores e preocupa os que acompanham o cenário da banda larga móvel no Brasil.
O problema de adquirir um iPhone 5 não é o fato de o 4G ainda não estar em vigor no país, mas a diferença da frequência recém-adquirida pelas operadoras brasileiras para oferecer o LTE aos consumidores. A faixa do espectro destinada ao 4G no Brasil é diferente das demais regiões como Estados Unidos, por exemplo, o que pode impedir a conexão à rede mais veloz.
O iPhone 5 vem com uma tecnologia que suporta apenas um conjunto de frequências e nenhuma delas é a 2,5 GHz, a utilizada no Brasil. Segundo Eduardo Tude, presidente da consultoria Teleco, isso impossibilita que uma pessoa use a quarta geração da internet móvel no iPhone 5 por aqui, mesmo quando a banda larga estiver funcionando no país.
"A fabricante não consegue fazer ajustes nos aparelhos para que eles se tornem compatíveis com outras frequências, isto é inviável. O que pode acontecer é a Apple lançar um novo smartphone que suporte a faixa de 2,5 GHz", explica Tude.
No entanto, de acordo com o executivo, o lançamento de um novo dispositivo para determinados países só acontece quando há uma justificativa financeira. Em outras palavras: se o Brasil for realmente um mercado lucrativo para a Apple, ela poderá oferece modelos customizados de smartphones com suporte a nossa frequência.
O especialista ressalta ainda uma outra possibilidade. Com o tempo, quando a faixa 2,5 GHz se tornar mais popular, e estiver sendo usada em diversos países, as fabricantes vão começar a produzir celulares compatíveis com esta frequência. Ou seja, por enquanto, o iPhone 5 só vai funcionar na rede 3G brasileira. Aliás, o mesmo vale para todos os outros aparelhos 4G atualmente no mercado: nenhum deles está preparado para funcionar nas novas redes brasileiras (quando elas estiverem em operação) - os mais recentes lançamentos da Nokia (linha Lumia) e da Samsung (Galaxy S3), por exemplo, fazem parte desse conjunto. A única exceção a essa regra é, por enquanto, o modelo lançado pela Motorola aqui no Brasil. Clique aqui para conhecer o modelo.
4G X TV analógica
Nos Estados Unidos e em outros países a faixa destinada ao LTE é a de 700 MHz. Porém, aqui no Brasil este espectro está reservado para as TVs analógicas, que ainda terão alguns anos de vida no país. Recentemente o governo anunciou que o desligamento das televisões analógicas será adiado para além de 2016, data inicialmente prevista. Isso significa que a faixa mais apropriada para o 4G ficará indisponível ainda por um tempo.
"Não vamos demorar tantos anos para destinar a 700 MHz para o 4G. O sinal analógico deve continuar em cidades pequenas, que possuem poucas opções de canais. As capitais e cidades maiores deverão desafogar o espectro muito antes e deixar este espaço livre para a quarta geração da internet móvel", diz.
No início do mês, o jornal Valor Econômico teve acesso ao novo cronograma de transição tecnológica que está sendo elaborado pelo Ministério das Comunicações e descobriu que está praticamente acertado que o sinal analógico de São Paulo será desligado em 2015. Pela complexidade técnica, a capital paulista exigirá mais atenção dos técnicos na execução do plano.
Finalmente em 2016, prazo previsto anteriormente para o “apagão analógico” em todo o país, o desligamento do antigo sistema deve acontecer em um grupo de 800 a 1 mil municípios. Para o governo, embora a migração tecnológica não esteja completa daqui a quatro anos, as cidades escolhidas para receber o sinal digital reúnem 70% da população, incluídas as capitais dos Estados e as maiores cidades do interior.
Eventos esportivos
Com o novo cronograma do governo, durante a Copa do Mundo de 2014 ainda estaremos presos à frequência 2,5 GHz ao usar o 4G, o que deve gerar frustração aos turistas que estarão no país. "Pode ser que até lá as fabricantes estrangeiras comecem a fazer aparelhos compatíveis com esta faixa, mas caso isso não aconteça os turistas que usam aparelhos com LTE deverão se contentar com o 3G do Brasil", afirma.
Ao ser questionado sobre uma possível sobrecarga na rede 3G, Tude diz que isto não será um problema, pois a quantidade de turistas no país não deve fazer grande diferença em nossa estrutura. Ele lembra que na Olimpíada de Londres os hotéis tiveram 84% de lotação, número inferior aos verões passados, que atraíram mais visitantes durante as férias. Apesar disso, em locais de concentração, como um estádio de futebol, por exemplo, pode haver afogamento das conexões.
“Quando todos usarem a rede no mesmo momento e no mesmo lugar, vai ser problema. As operadoras precisam se preparar para isso e o governo precisa oferecer alternativas como o Wi-Fi para dar vazão ao tráfego”, conclui.
Agora que você sabe das limitações do iPhone 5 aqui no Brasil, fica a pergunta: Para você ainda vai valer a pena comprar o aparelho? Compartilhe sua opinião com a gente.
Fonte: Olhar Digital