domingo, 31 de outubro de 2010

Internet é um dos principais meios para a prática da pedofilia

A cada três dias, um crime de estupro de vulnerável é registrado na 4ª Vara da Infância e Juventude do Estado do Rio Grande do Norte. Uma média de 10 casos todos os meses. Desse total, dois terços são praticados por pais ou padrastos das vítimas e 70% das crianças que sofrem o problema são meninas. Esses são apenas os registros oficiais, aqueles que chegaram ao conhecimento da Justiça, mas os dados são suficientes para alertar a sociedade para um problema sobre o qual o diálogo ainda é um tabu.

As relações humanas estabelecidas de forma descartável na rede mundial de computadores é um reflexo de um padrão social de relacionamentos da atualidade. Esses e outros assuntos pertinentes ao tema "pedofilia e internet" foram abordados durante uma mesa redonda com especialistas ligados às várias que discutem a temática (psicológica, jurídica e tecnológica), promovida, esta semana, pelo Complexo Educacional Contemporâneo e destinada aos pais dos estudantes.

Com o uso cada vez mais intenso da internet por parte das crianças e pré-adolescentes, a preocupação com o problema cresce na mesma velocidade da rede mundial de computadores. 

O objetivo foi orientar os pais com medidas que podem "blindar" seus filhos para os perigos oferecidos pela internet, como a troca de informações com desconhecidos e os locais e horários de uso. Fizeram parte da mesa redonda o juiz da 4ª Vara da Infância e Juventude do Estado Dr. Sérgio Maia, o especialista em segurança de redes Ricardo Kléber e o psicólogo Herculano Campos. "Como o abuso ocorre geralmente dentro de casa por um tio, pai, vizinho, avô, se trata de um crime de longa duração, que é praticado por anos, e que, por esse motivo, causa traumas nas vítimas para o resto de suas vidas. O abusado se transforma, muitas vezes, no abusador do futuro", explicou o juiz.

Deputada propõe criação de lei 
Na condição de presidente da Comissão de Direitos Humanos e Cidadania da Assembléia Legislativa do Estado, a deputada estadual Gesane Marinho (PMN) apresentou, no início do mês, um projeto de lei que institui a Semana de Combate à Pedofilia no Rio Grande do Norte. De acordo com a proposta, anualmente, no mês de outubro, os órgãos competentes da administração estadual vão se mobilizar exatamente em torno da conscientização dos pais sobre a importância de alertar seus filhos diante do potencial de informação imprópria existente na Internet.

Gesane explica que um dos motivadores do projeto foi um dos indicadores da Polícia Federal, segundo o qual o Brasil está em quarto lugar no ranking mundial da Interpol de países que divulgam a pedofilia. Outra informação relevante é da ONG Safernet, referência nacional no enfrentamento aos crimes e violações aos Direitos Humanos na rede mundial de computadores. Das vítimas de pornografia infantil na rede, 75% foram feitas no Orkut. Para a deputada, uma prova do quanto as crianças estão expostas no mundo virtual e como necessitam de educação para o uso das tecnologias.

"Da mesma forma que os pais precisam orientar os filhos quando estes saem à rua, precisam orientá-los quando eles se conectam à rede. Porém, para que os pais se armem na guerra contra a pedofilia, o Estado tem que muní-los com o que mais precisam: informação", explica Gesane. 

O trabalho de conscientização, realizado por secretarias como a de Educação e a de Comunicação, por exemplo, contempla informações como a instalação do computador em uma área da casa que a família circule, a limitação de horários para o uso e a opção por programas que filtram ou bloqueiam sites, orientações reforçadas por Ricardo Kléber na palestra desta semana.

Pais devem estar atentos 
Mãe de trigêmeos que cursam o quarto ano do Ensino Fundamental, Ana Carla participou do evento para conferir se as medidas que já utiliza em sua casa estão adequadas às visões dos especialistas. 

"Acompanho o uso da internet pelos meus filhos e creio que essa mesa redonda pode colaborar para eu constatar se o que já faço está correto. É importante também para me ajudar a complementar as atitudes que devo adotar com eles", avalia. 

Para o psicólogo Herculano Campos, o mundo virtual é apenas mais um meio que os pedófilos usam para agir. "Vivemos em uma sociedade que estimula a sexualidade precoce e os relacionamentos superficiais e descartáveis. A internet apenas reflete este padrão social de relacionamentos, de comunicação sem empatia", ponderou. 



Fonte: nominuto.com

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