domingo, 16 de janeiro de 2011

Vida moderna tira pessoas do horário ideal de sono; veja problemas que isso traz


A navegação na internet é ilimitada. Na TV, o compromisso começa com o telejornal e só termina depois do filme. Enquanto isso, é preciso preparar o lanche, colocar a roupa para lavar, acompanhar as atividades escolares das crianças. Os tempos são modernos, mas o funcionamento do corpo não mudou. Parece difícil dar a ele o sono que merece, a solução então estaria na adequação. Na impossibilidade de dormir tão cedo quanto nossos avós, Carvalhaes sugere o horário ideal para os adultos: das 22h às 6h, tempo para usufruir dos hormônios reparadores do organismo e conquistar qualidade de vida. Se a insônia deixar.

Necessidade fisiológica fundamental na manutenção do organismo, o sono tem importante papel na consolidação da memória, na secreção de hormônios, no funcionamento imunológico e na capacidade de desempenho das atividades diurnas. Mas, atualmente, várias são as causas de um sono não restaurador, como a privação de sono em virtude das demandas da sociedade moderna, a insônia e a síndrome da apneia/hipopneia obstrutiva do sono. Segundo Ana Paula Gonçalves, especialista em medicina do sono, a restrição crônica do sono afeta aproximadamente 45% da população das sociedades industrializadas e muitas vezes está relacionada à exposição excessiva a luz, extensas jornadas de trabalho e mesmo a outros transtornos do sono.

Grande vilã do sono dos deuses, a insônia afeta de 10% a 40% da população mundial. Incapacidade de iniciar ou manter o sono ou ainda insatisfação com a falta de qualidade nas condições adequadas para isso, a insônia gera sintomas diurnos, físicos e emocionais, com impacto no desempenho das funções cognitivas e sociais. Segundo Ana Paula, são várias as causas e os fatores associados à doença, entre eles, uma predisposição do indivíduo a despertar mais facilmente e dificuldade em retornar a dormir, ansiedade com relação ao momento de dormir, falsas expectativas em relação ao sono, hábitos inadequados associados à hora do adormecer ou ainda associação com outras doenças que comprometem a qualidade do sono, como fibromialgia, depressão, ansiedade e outros transtornos psiquiátricos.

A professora Edna da Consolação Camargos Santana, 39 anos, sentiu o peso das pálpebras quando, dois anos atrás, a insônia foi desencadeada por uma crise de depressão. “Não conseguia trabalhar porque não conseguia dormir. Fiquei semanas assim. Desde então, toda vez que alguma coisa abala meu emocional, tenho dificuldade para pegar no sono. A diferença é que hoje faço um tratamento e fiz as pazes com a cama.” Antes disso, porém, o sofrimento foi grande. “Tentava ficar na cama, ia para a sala ver TV, ou para a cozinha fazer chá. Eu até relaxava, mas só depois que chorava muito conseguia dormir de novo. Vem tudo na cabeça quando se está acordada.”

Sobrecarga

Para Edna, seu problema está relacionado com preocupações. Separada e mãe de três filhos adolescentes, ela sente uma sobrecarga muito grande. “Quando não consigo solucionar meus problemas, não consigo dormir, e tenho que tomar um remédio, um calmante que me deixa tranquila.” Foi a solução para as noites seguidas em que dormia e acordava, dormia e acordava. No dia seguinte, com o raciocínio lento, Edna sentia sono à tarde. “No início da tarde, ia para a sala dos professores, encostava e só pensava em dormir. Foi um mês assim, invertendo os horários, até que comecei com o medicamento e logo senti uma melhora.”

A mudança de hábitos também foi determinante para lidar com a insônia. Além de uma repaginação na alimentação, Edna adotou atividade física três vezes por semana, sempre pela manhã, e aboliu o refrigerante. “Estou me esforçando muito. Antes, deixava as coisas me levarem e a falta de sono tomava conta. Hoje, deito por volta das 22h e acordo às 6h. Se algo me preocupa e sinto que não vou conseguir dormir, tomo a medicação.” Ana Paula Gonçalves alerta que o uso de medicamentos deve sempre ser acompanhado por um médico, para melhor eficácia do tratamento e segurança do paciente, já que várias têm potencial de dependência e sérios efeitos colaterais que devem ser monitorados.

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