domingo, 26 de setembro de 2010

Cineasta potiguar é o primeiro a integrar equipe de grande produção nacional


O cineasta Fábio DeSilva é o primeiro potiguar a partícipar de uma grande produção do cinema brasileiro. A estreia para convidados do filme Federal será hoje à noite no Rio de Janeiro, dentro da programação do Festival do Rio 2010. Fábio - diretor do curso de Cinema da UnP - participa do evento com o status de assistente de direção do longa metragem, com orçamento de R$ 5 milhões e grande elenco. O convite para integrar a equipe de produção é considerado pelo cineasta um "divisor de águas na carreira profissional". E para a o cinema potiguar, também. Os maiores feitos conquistados pelo setor no Rio Grande do Norte foram os filmes de William Cobbett, com Jesuíno Brilhante (1972), e Boi de Prata, de Augusto Ribeiro Júnior - ambos intimamente ligados ao cinema potiguar, sendo o último uma das primeiras apostas da Embrafilme em promover novos pólos cinematográficos pelo Brasil.

Na função de assistente de direção, Fábio (camisa verde) posa com parte da equipe de produção e do elenco, que conta com nomes como Selton Mello e Michael Madsen Foto: Hugo Santarem/Divulgação 
Federal tem assegurada distribuição internacional pela EuropaCorp, empresa do diretor francês Luc Besson (de O quinto elemento). O longa é dirigido pelo brasiliense Erik de Castro. "Erik morou nos Estados Unidos. O filme é um thriller policial com forte influência dos filmes de ação de Los Angeles, a partir da nossa realidade. É um bom filme de entretenimento. Foi produzido com muita parcimônia. Cenas de ação são caras. Mas ficou sem exageros ou carências de roteiro e produção", comenta Fábio.
Federal conta a história de Dani, vivido pelo ator Selton Mello, agente especial da Polícia Federal, que se une ao delegado Vital, Carlos Alberto Riccelli, e outros homens do grupo de elite do Comando de Operações Táticas da Polícia Federal para caçarem o playboy Carlos Beque Batista, protagonizado pelo também cantor Eduardo Dusek, responsável por colocar a cidade de Brasília na rota do tráfico internacional de cocaína. Além do renomado elenco brasileiro, o filme conta com a participação do ator americano Michael Madsen, que entre outros trabalhos se imortalizou na pele de Mr. Blonde no filme Cães de aluguel (1992),de Quentin Tarantino. Em Federal, o ator vive o papel de Sam Gibson, representante da Drug Enforcement Administration (DEA) dos EUA, na violenta Brasília.
Convite
O convite para Fábio DeSilva participar da assistência de direção partiu do próprio diretor do filme. O potiguar conheceu Erik de Castro em Roma quando o brasiliense divulgava o seu documentário 'Senta a Pua'. "A princípio eu ia dirigir o making of do Federal, mas acompanhei todo o processo de tratamento de roteiro, então Erik me convidou para ser assistente de direção e assim fui para Brasília, onde passei três meses acompanhando todo o processo de pré-produção e produção do filme. O aprendizado na produção do filme foi aproveitado na última produção local de Fábio, em parceria com a cineasta Mary Land Brito: o documentário Sangue do Barro, selecionado pelo projeto DocTV. Fábio acrescenta que depois de quase quatro anos de rodado, Federal tem a sua estreia nacional prevista para o dia 29 de outubro.
Produção local
Natal ainda é cidade isolada das grandes produções cinematográficas brasileiras. O Nordeste como um todo ainda se mostra aquém da indústria montada no Sudeste. Mas a região nordestina tem se mostrado o grande filão do setor nos últimos anos. "O Sudeste está saturado e a turma tem procurado mão-de-obra por aqui. É importante Natal entrar nesse eixo, capacitar e formar pessoal para que os produtores utilizem nossos valores e não tragam gente de fora". Uma das iniciativas promissoras para esse foco foi a criação do curso de Cinema da UnP. "Até então tínhamos o curso apenas na Bahia, Pernambuco e Ceará". Fábio reclama ainda a promoção de mais editais, reestruturação das leis de incentivo à produção e congressos.
Iniciativas
Fábio DeSilva integra uma nova leva de jovens cineastas que tem "mexido os pauzinhos" para tentar produzir no RN. A parceira na produção Sangue do Barro, Mary Land Brito foi lembrada pelo projeto do Núcleo de Produção Digital - cursos gratuitos ministrados por renomados cineastas. Buca Dantas tem promovido um projeto original de produção cinematográfica, chamada Cinema Processo, rodado em cidades interioranas e com participação ativa da comunidade no filme. Geraldo Cavalcanti - roteirista do Sangue do Barro - tem produzido curtas dentro do projeto Nós na Tela, também com abrangência pelo Estado.

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